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Luís de Camões - Frases

A verdadeira afeição na longa ausência se prova. Luís de Camões

Luís de Camões - Citação

 >>Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói, e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer. Luís de Camões

Luís Vaz de Camões, in "Sonetos" - Corro Após este Bem que não se Alcança

Corro Após este Bem que não se Alcança Oh como se me alonga de ano em ano  A peregrinação cansada minha!  Como se encurta, e como ao fim caminha  Este meu breve e vão discurso humano!  Minguando a idade vai, crescendo o dano;  Perdeu-se-me um remédio, que inda tinha;  Se por experiência se adivinha,  Qualquer grande esperança é grande engano.  Corro após este bem que não se alcança;  No meio do caminho me falece;  Mil vezes caio, e perco a confiança.  Quando ele foge, eu tardo; e na tardança,  Se os olhos ergo a ver se inda aparece,  De vista se me perde, e da esperança.  Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"   Portugal  1524 // 10 Jun 1580 

Luís Vaz de Camões, in "Sonetos" - Hei-de Tomar-te

Hei-de Tomar-te Lindo e subtil trançado, que ficaste  Em penhor do remédio que mereço,  Se só contigo, vendo-te, endoudeço,  Que fora co'os cabelos que apertaste?  Aquelas tranças de ouro que ligaste,  Que os raios de sol têm em pouco preço,  Não sei se para engano do que peço,  Ou para me matar as desataste.  Lindo trançado, em minhas mãos te vejo,  E por satisfação de minhas dores,  Como quem não tem outra, hei-de tomar-te.  E se não for contente o meu desejo,  Dir-lhe-ei que, nesta regra dos amores,  Por o todo também se toma a parte.  Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"   Portugal  1524 // 10 Jun 1580 

Luís Vaz de Camões, in "Sonetos" - Luís Vaz de Camões, in "Sonetos" - Textos antigos

Quando não te Vejo Perco o Siso Formosura do Céu a nós descida,  Que nenhum coração deixas isento,  Satisfazendo a todo pensamento,  Sem que sejas de algum bem entendida;  Qual língua pode haver tão atrevida,  Que tenha de louvar-te atrevimento,  Pois a parte melhor do entendimento,  No menos que em ti há se vê perdida?  Se em teu valor contemplo a menor parte,  Vendo que abre na terra um paraíso,  Logo o engenho me falta, o espírito míngua.  Mas o que mais me impede inda louvar-te,  É que quando te vejo perco a língua,  E quando não te vejo perco o siso.  Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"  

Luís Vaz de Camões, in "Sonetos" - Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades - Textos antigos

Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,  Muda-se o ser, muda-se a confiança:  Todo o mundo é composto de mudança,  Tomando sempre novas qualidades.  Continuamente vemos novidades,  Diferentes em tudo da esperança:  Do mal ficam as mágoas na lembrança,  E do bem (se algum houve) as saudades.  O tempo cobre o chão de verde manto,  Que já coberto foi de neve fria,  E em mim converte em choro o doce canto.  E afora este mudar-se cada dia,  Outra mudança faz de mor espanto,  Que não se muda já como soía.  Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"  

Luis de Camões

Enquanto quis Fortuna que tivesse Esperança de algum contentamento, O gosto de um suave pensamento Me fez que seus efeitos escrevesse. Porém, temendo Amor que aviso desse Minha escritura a algum juízo isento, Escureceu-me o engenho co'o tormento, Para que seus enganos não disesse Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos A diversas vontades! Quando lerdes Num breve livro casos tão diversos, Verdades puras são e não defeitos; E sabei que, segundo o amor tiverdes, Tereis o entendimento de meus versos. Autor: Luís de Camões Blog Poema & Versos

Luis de Camões - Tomou-me vossa vista soberana

Tomou-me vossa vista soberana Aonde tinha as armas mais à mão, Por mostrar que quem busca defensão Contra esses belos olhos, que se engana. Por ficar da vitória mais ufana, Deixou-me armar primeiro da razão; Cuidei de me salvar, mas foi em vão, Que contra o Céu não vale defensa humana. Mas porém, se vos tinha prometido O vosso alto destino esta vitória, Ser-vos tudo bem pouco está sabido. Que posto que estivesse apercebido, Não levais de vencer-me grande glória; Maior a levo eu de ser vencido. Autor: Luís de Camões Blog Poema & Versos

Luis de Camões - Ah! minha Dinamene! Assim deixaste

Ah! minha Dinamene! Assim deixaste Quem não deixara nunca de querer-te! Ah! Ninfa minha, já não posso ver-te, Tão asinha esta vida desprezaste! Como já pera sempre te apartaste De quem tão longe estava de perder-te? Puderam estas ondas defender-te Que não visses quem tanto magoaste? Nem falar-te somente a dura Morte Me deixou, que tão cedo o negro manto Em teus olhos deitado consentiste! Oh mar! oh céu! oh minha escura sorte! Que pena sentirei que valha tanto, Que inda tenha por pouco viver triste? Autor:Luís de Camões Titulo: Ah! minha Dinamene! Assim deixaste Blog Poema & Versos

Luis de Camões - O fogo que na branda cera ardia

O fogo que na branda cera ardia, Vendo o rosto gentil que na alma vejo. Se acendeu de outro fogo do desejo, Por alcançar a luz que vence o dia. Como de dois ardores se incendia, Da grande impaciência fez despejo, E, remetendo com furor sobejo, Vos foi beijar na parte onde se via. Ditosa aquela flama, que se atreve Apagar seus ardores e tormentos Na vista do que o mundo tremer deve! Namoram-se, Senhora, os Elementos De vós, e queima o fogo aquela nave Que queima corações e pensamentos. Autor: Luís de Camões Titulo:  O fogo que na branda cera ardia Blog Poema & Versos

Luis de Camões

Jamais haverá ano novo se continuar a copiar os erros dos anos velhos. Autor: Luis de Camões Blog Poema & Versos

Luis de Camoes - De quantas graças tinha, a Natureza

De quantas graças tinha, a Natureza Fez um belo e riquíssimo tesouro, E com rubis e rosas, neve e ouro, Formou sublime e angélica beleza. Pôs na boca os rubis, e na pureza Do belo rosto as rosas, por quem mouro; No cabelo o valor do metal louro; No peito a neve em que a alma tenho acesa. Mas nos olhos mostrou quanto podia, E fez deles um sol, onde se apura A luz mais clara que a do claro dia. Enfim, Senhora, em vossa compostura Ela a apurar chegou quanto sabia De ouro, rosas, rubis, neve e luz pura. Autor:Luís de Camões Titulo:De quantas graças tinha, a Natureza

Luis de Camoes - Amor, que o gesto humano na alma escreve

Amor, que o gesto humano na alma escreve, Vivas faíscas me mostrou um dia, Donde um puro cristal se derretia Por entre vivas rosas e alva neve. A vista, que em si mesma não se atreve, Por se certificar do que ali via, Foi convertida em fonte, que fazia A dor ao sofrimento doce e leve. Jura Amor que brandura de vontade Causa o primeiro efeito; o pensamento Endoidece, se cuida que é verdade. Olhai como Amor gera, num momento De lágrimas de honesta piedade, Lágrimas de imortal contentamento. Autor:Luís de Camões Titulo:Amor, que o gesto humano na alma escreve

Luis de Camoes

Ah o amor... que nasce não sei onde, vem não sei como, e dói não sei porquê.  Autor:Luís de Camões

Luis de Camoes

Quem vê, Senhora, claro e manifesto O lindo ser de vossos olhos belos, Se não perder de vista só em vê-los, Já não paga o que deve a vosso gesto. Este me parecia preço honesto; Mas eu, por de vantagem merecê-los, Dei mais a vida e alma por querê-los, Donde já não me fica mais de resto. Assim que a vida e alma e esperança, E tudo quanto tenho, tudo é vosso, E o proveito disso eu só o levo. Porque é tamanha bem-aventurança O dar-vos quanto tenho e quanto posso, Que, quanto mais vos pago, mais vos devo. Autor:Luís de Camões

Luis de Camoes

Eu cantarei de amor tão docemente, Por uns termos em si tão concertados, Que dois mil acidentes namorados Faça sentir ao peito que não sente. Farei que amor a todos avivente, Pintando mil segredos delicados, Brandas iras, suspiros magoados, Temerosa ousadia e pena ausente. Também, Senhora, do desprezo honesto De vossa vista branda e rigorosa, Contentar-me-ei dizendo a menor parte. Porém, pera cantar de vosso gesto A composição alta e milagrosa Aqui falta saber, engenho e arte. Autor: Luís de Camões

Luís de Camões

Busque Amor novas artes, novo engenho,  para matar me, e novas esquivanças;  que não pode tirar me as esperanças,  que mal me tirará o que eu não tenho. Olhai de que esperanças me mantenho!  Vede que perigosas seguranças!  Que não temo contrastes nem mudanças, andando em bravo mar, perdido o lenho. Mas, conquanto não pode haver desgosto onde esperança falta, lá me esconde  Amor um mal, que mata e não se vê. Que dias há que n'alma me tem posto  um não sei quê, que nasce não sei onde,  vem não sei como, e dói não sei porquê. Autor: Luís de Camões

Luis de Camoes - Verdes são os campos

Verdes são os campos, De cor de limão: Assim são os olhos Do meu coração. Campo, que te estendes Com verdura bela; Ovelhas, que nela Vosso pasto tendes, De ervas vos mantendes Que traz o Verão, E eu das lembranças Do meu coração. Gados que pasceis Com contentamento, Vosso mantimento Não no entendereis; Isso que comeis Não são ervas, não: São graças dos olhos Do meu coração. Autor: Luís de Camões Titulo:Verdes são os campos

Luis de Camoes - Amor é

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Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer; É um andar solitário entre a gente; É nunca contentar-se de contente; É um cuidar que se ganha em se perder. É querer estar preso por vontade É servir a quem vence o vencedor, É ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade; Se tão contrário a si é o mesmo amor? Luís de Camões

Luis de Camoes

Os bons vi sempre passar  No mundo graves tormentos;  E para mais me espantar Os maus vi sempre nadar Em mar de contentamentos. Luís de Camões