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Adélia Prado - Frases

 Há mulheres que dizem: Meu marido, se quiser pescar, pesque, mas que limpe os peixes. Adélia Prado

Adélia Prado - Frases

 Isso é o mais pleno amor: Dar a liberdade dele existir ao meu lado do jeito que ele é. Autora: Adélia Prado

Adélia Prado - Amor pra mim é ser capaz de permitir

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Amor pra mim é ser capaz de permitir que aquele que eu amo exista como tal, como ele mesmo. Isso é o mais pleno amor: Dar a liberdade dele existir ao meu lado do jeito que ele é. Autora:  Adélia Prado Blog Poema & Versos

Adélia Prado - Casamento

Há mulheres que dizem: Meu marido, se quiser pescar, pesque, mas que limpe os peixes. Eu não. A qualquer hora da noite me levanto, ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar. É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha, de vez em quando os cotovelos se esbarram, ele fala coisas como “este foi difícil” “prateou no ar dando rabanadas” e faz o gesto com a mão. O silêncio de quando nos vimos a primeira vez atravessa a cozinha como um rio profundo. Por fim, os peixes na travessa, vamos dormir. Coisas prateadas espocam: somos noivo e noiva. Autora:  Adélia Prado Titulo: Casamento                            Blog Poema & Versos (Do livro:  Terra de Santa Cruz , Rio de Janeiro: Record, 2006. p. 25.)

Adélia Prado - Para o Zé

Eu te amo, homem, hoje como toda vida quis e não sabia, eu que já amava de extremoso amor o peixe, a mala velha, o papel de seda e os riscos de bordado, onde tem o desenho cômico de um peixe — os lábios carnudos como os de uma negra. Divago, quando o que quero é só dizer te amo. Teço as curvas, as mistas e as quebradas, industriosa como abelha, alegrinha como florinha amarela, desejando as finuras, violoncelo, violino, menestrel e fazendo o que sei, o ouvido no teu peito pra escutar o que bate. Eu te amo, homem, amo o teu coração, o que é, a carne de que é feito, amo sua matéria, fauna e flora, seu poder de perecer, as aparas de tuas unhas perdidas nas casas que habitamos, os fios de tua barba. Esmero. Pego tua mão, me afasto, viajo pra ter saudade, me calo, falo em latim pra requintar meu gosto: “Dize-me, ó amado da minha alma, onde apascentas o teu gado, onde repousas ao meio-dia, para que eu não ande vagueando atrás dos rebanhos de te

Adelia Prado - Amor Violeta

O amor me fere é debaixo do braço, de um vão entre as costelas. Atinge meu coração é por esta via inclinada. Eu ponho o amor no pilão com cinza e grão de roxo e soco. Macero ele, faço dele cataplasma e ponho sobre a ferida. Autora:  Adélia Prado Titulo: Amor violeta                            Blog Poema & Versos (Do livro   Bagagem . Rio de Janeiro: Record, 2011. p. 83)

Adélia Prado - Amor Feinho

Eu quero amor feinho. Amor feinho não olha um pro outro. Uma vez encontrado é igual fé, não teologa mais. Duro de forte o amor feinho é magro, doido por sexo e filhos tem os quantos haja. Tudo que não fala, faz. Planta beijo de três cores ao redor da casa e saudade roxa e branca, da comum e da dobrada. Amor feinho é bom porque não fica velho. Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é: eu sou homem você é mulher. Amor feinho não tem ilusão, o que ele tem é esperança: eu quero um amor feinho. Autora:  Adélia Prado Titulo: Amor feinho                            Blog Poema & Versos Fonte: (Do livro   Bagagem . Rio de Janeiro: Record, 2011. p. 97)