Adélia Prado - Amor Feinho


Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado é igual fé,
não teologa mais.
Duro de forte o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala, faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
eu sou homem você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança:
eu quero um amor feinho.



Autora: Adélia Prado
Titulo: Amor feinho
                          Blog Poema & Versos
Fonte: (Do livro Bagagem. Rio de Janeiro: Record, 2011. p. 97)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Manuel Alegre - Coisa Amar

Marquesa de Alorna, in 'Antologia Poética' - Eu Cantarei um Dia da Tristeza