Gióia Júnior - O grilo



Numa noite clara, 

de Lua redonda 

como um queijo branco 

no prato do céu, 

do meio do mato

uma voz ouvi, 

que falava sempre: 

CRI... CRI... CRI... 



Vestido de noite,

perdido no escuro,

parado num canto 

que não descobri, 

seu corpo comprido,

de inseto elegante, 

confesso não vi... 

Só ouvi seu canto

na perdida sombra: 

CRI... CRI... CRI... 



Estava sozinho, 

sem algum amigo 

com quem conversasse; 

então decidi: 

"Com o grilo alegre 

vou travar conversa". 

- Ei, grilo, não temas, 

que eu não sou de briga! 



Creste no que eu disse? 

... e o grilo, do escuro, 

respondeu na hora,

como se entendesse: 

CRI... CRI... CRI... 



Fiquei muito alegre,

ele me entendia 

e me respondia 

com satisfação... 

Pus-me a contar fatos 

que o deixaram quieto, 

prestando atenção: 

"Uma vez, amigo, 

veio ao mundo um homem 

muito meigo e puro

perdoando a todos, 

libertando escravos, 

saciando pobres

e curando enfermos; 

homem tão bondoso 

como igual não vi..." 

- Creste no que eu disse? 

...Respondeu-me o grilo, 

como se entendesse: 

CRI... CRI... CRI... 



"...Pois o tal profeta

(Ele era profeta), 

como fosse humano, 

dedicado e amigo,



recebeu dos homens

o pior castigo 

que já conheci: 

numa cruz pesada

foi crucificado, 

suas mãos sangraram, 

rasgadas, feridas,

sua fronte clara 

foi lavada em sangue, 

padeceu torturas

como nunca vi..." 

- Creste no que eu disse? 

...Respondeu-me o grilo, 

como se entendesse: 

CRI... CRI... CRI... 



"...Mas, um dia, um belo 

dia de domingo, 

Esse homem puro,

que nenhum pecado 

no mundo provou, 

rompeu as cadeias

da morte gelada,

e ressuscitou... 

Seu corpo, na pedra

do escuro sepulcro,

ninguém mais achou... 

o nome bendito 

do Ser soberano 

da glória e da luz 

soa como um hino, 



às vezes humano,

às vezes divino,

o nome é ... JESUS... 



Esse doce amigo 

que sofreu assim 

padeceu castigo 

e morte por mim. 

Para ser sincero, 

devo confessar: 

Ele foi ferido 

para me salvar..." 



- Bem, já se faz tarde, 

vou dormir, amigo, 

boa-noite, Grilo... 

Mas, ó companheiro, 

tu creste de fato 

no que eu disse aqui?



... Respondeu-me o grilo, 

como se entendesse: 

CRI, CRI, CRI, CRI, CRI!!!



Autor(a): Gióia Júnior
Titulo: O grilo 
Fonte: Livro "3 Irmãos"

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