Pedro Salinas (1891-1951) - No te detengas nunca

No te detengas nunca
cuando quieras buscarme.
Si ves muros de agua,
anchos fosos de aire,
setos de piedra o tiempo,
guardia de voces, pasa.
Te espero con un ser
que no espera a los otros:
en donde yo te espero
sólo tú cabes. Nadie
puede encontrarse
allí conmigo sino
el cuerpo que te lleva,
como un milagro, en vilo.
Intacto, inajenable,
un gran espacio blanco,
azul, en mí, no acepta
más que los vuelos tuyos,
los pasos de tus pies;
no se verán en él
otras huellas jamás.
Si alguna vez me miras
como preso encerrado,
detrás de puertas,
entre cosas ajenas,
piensa en las torres altas,
en las trémulas cimas
del árbol, arraigado.
las almas de las piedras
que abajo están sirviendo
aguardan en la punta
última de la torre.
Y ellos, pájaros, nubes,
no se engañan: dejando
que por abajo pisen
los hombres y los días,
se van arriba,
a la cima del árbol
al tope de la torre,
seguros de que allí,
en las fronteras últimas
de su ser terrenal
es donde se consuman
los amores alegres,
las solitarias citas
de la carne y las alas.


Autor:Pedro Salinas
Titulo:NO TE DETENGAS NUNCA

Tradução



           Tradução  de Salomão Sousa


Não te detenhas nunca
quando quiseres me buscar.
Se vês muros de água,
amplas fossas de ar,
cercas de pedra ou tempo,
evita os gritos, passa.
Te espero com um ser
que não espera por outros:
onde eu te espero
só tu cabes. Ninguém
pode se encontrar
ali comigo senão
o corpo que te leva
no ar, como um milagre.
Intacto, inalienável,
um grande espaço branco,
azul, em mim, não aceita
mais que os vôos teus,
os passos de teus pés;
não verão nele
outras marcas jamais.
Se alguma vez me olhares
como preso, fechado
atrás de portas,
entre coisas alheias,
pensa nas torres altas,
nas trêmulas alturas
da árvore, firme nas raízes.
As almas das pedras
que estão embaixo servindo
aguardam na última
ponta da torre.
E ali, pássaros, nuvens,
não se enganam: deixando
que os homens e os dias
pisem embaixo,
se estão ali em cima,
no alto da árvore,
no topo da torre,
certos de que ali,
na última fronteira
de seu ser terreno
é onde se consumam
os amores alegres,
os solitários encontros
da carne e das asas.


Autor:Pedro Salinas
Titulo:NÃO TE DETENHAS NUNCA


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